Portuguese Modern Language Translation 2005 | Book List

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Juízes 16

1 Certo dia, Sansão deslocou-se a Gaza, cidade dos filisteus. Ali encontrou-se com uma prostituta e passou a noite com ela.

2 A população de Gaza descobriu que Sansão lá estava e esperou-o fora, pondo guardas à porta da cidade. Mas, durante a noite, foram descansar, dizendo consigo mesmos: "Vamos esperar até ao romper do dia, e então matamo-lo."

3 Porém, Sansão ficou na cama, só até à meia-noite. Quando se levantou, forçou a porta da cidade e arrancou-a inteira - porta, batentes, postes e ferrolhos. Pô-los às costas e levou-os até ao cimo da colina que está em frente de Hebron

4 Depois disto, Sansão apaixonou-se por uma mulher chamada Dalila, que morava no vale de Sorec.

5 Então os cinco reis filisteus foram ter com ela e disseram: "Convence Sansão a revelar-te a razão da sua força e como podemos dominá-lo e amarrá-lo. Se o conseguires, cada um de nós te dará mil e uma moedas de prata."

6 Então Dalila falou com Sansão: "Diz-me, por favor, o que é que te faz forte? Se alguém quisesse amarrar-te e tirar-te a força, como faria?"

7 Sansão respondeu: "Se me amarrarem com sete cordas de arco humedecidas ficarei fraco e serei como qualquer outra pessoa."

8 Então os reis filisteus trouxeram a Dalila sete cordas de arco humedecidas, e esta amarrou Sansão com elas.

9 No quarto ao lado, havia alguns homens que estavam à espreita. Então ela gritou: "Sansão! Vêm aí os filisteus!" Mas ele rompeu as cordas como se fossem estopa a que se deita o fogo. E ficaram sem saber o segredo da sua força.

10 Dalila voltou a perguntar: "Então? Andas a fazer troça de mim, e não me dizes verdade. Por favor, diz-me como é possível prender-te!"

11 Sansão sugeriu: "Se me atarem com cordas novas, sem terem sido usadas, serei como qualquer outra pessoa."

12 E assim fez Dalila. Amarrou-o com cordas novas e gritou: "Sansão! Vêm aí os filisteus!" Os homens, entretanto, estavam à espreita no quarto ao lado. Mas ele partiu as cordas como se fossem linhas de coser.

13 Dalila queixou-se a Sansão: "Continuas a brincar comigo e não dizes a verdade. Mostra-me como te poderei prender." Sansão respondeu: "Basta tecer as minhas sete tranças num tear e fixá-las com a cavilha."

14 Dalila apertou as tranças de Sansão com a estaca do tear e depois gritou: "Sansão, vêm aí os filisteus!" Ele despertou e soltou o cabelo do tear.

15 Mas ela não desistiu: "Como podes tu dizer que me amas, se não me falas com franqueza? Já três vezes fizeste troça de mim, e ainda não me revelaste o segredo da tua força."

16 Todos os dias voltava com a mesma pergunta, até que ele, cansado de ser importunado sobre o assunto,

17 lhe disse finalmente a verdade: "É que nunca me cortaram o cabelo. Fui consagrado a Deus como nazireu, desde o meu nascimento. Se o meu cabelo for cortado, perderei a minha força, ficarei fraco e serei como qualquer outra pessoa."

18 Então Dalila apercebeu-se que desta vez ele lhe falava com toda a franqueza. Enviou a seguinte mensagem aos reis filisteus: "Venham, porque desta vez ele falou a verdade." Os reis filisteus foram ter com ela e levaram dinheiro consigo.

19 Dalila adormeceu Sansão sobre os joelhos e chamou um homem, para cortar as sete tranças do cabelo de Sansão. E assim conseguiu dominá-lo, porque tinha perdido a força.

20 E gritou: "Sansão, vêm aí os filisteus!" Quando ele despertou, pensou que ia conseguir libertar-se como de costume. Não sabia que o Senhor se tinha apartado dele.

21 Os filisteus agarraram-no e tiraram-lhe os olhos. Levaram-no para Gaza, prenderam-no com correntes de bronze e puseram-no a puxar uma mó na prisão.

22 Entretanto o cabelo de Sansão começou a crescer de novo.

23 Os reis filisteus reuniram-se para celebrar a vitória e oferecer um grande sacrifício ao deus Dagon. Eles cantavam: "O nosso deus concedeu-nos a vitória sobre o nosso inimigo Sansão!"

24 E, na sua euforia, diziam uns para os outros: "Mandemos chamar Sansão, para vir entreter-nos!" Quando tiraram Sansão da prisão, para os ir entreter, ele ficou de pé, entre as colunas do templo. O povo viu-o e pôs-se a entoar louvores ao seu deus: "O nosso deus deu-nos a vitória sobre o nosso inimigo, que devastava a terra e matou tantos dos nossos!"

25

26 Sansão disse ao moço que o conduzia pela mão: "Deixa-me tocar nas colunas que sustentam a casa, para me encostar a elas."

27 O edifício estava cheio de homens e mulheres. Os cinco reis filisteus também ali se encontravam. E havia ainda cerca de três mil homens e mulheres em cima do terraço, para verem Sansão fazer de bobo.

28 Então Sansão orou: "Senhor, todo-poderoso, por favor lembra-te de mim; ó Deus, dá-me a minha força, só mais uma vez, para eu me vingar dos filisteus, que me arrancaram os olhos!"

29 E agarrando-se duma só vez às duas colunas principais que sustentavam o edifício,

30 gritou: "Morra eu com os filisteus!" Com toda a sua força fez ruir o edifício sobre os cinco reis e todos os restantes presentes. E assim, no momento em que morria, Sansão matou mais pessoas do que as que tinha matado durante a vida.

31 Os irmãos e demais família foram buscar o corpo. Levaram-no e sepultaram-no entre Sora e Estaol, no túmulo de seu pai Manoé. Sansão foi chefe em Israel durante vinte anos.